Festival da Alegria: o dia em que só o silêncio ocupou a Praça do Arerê

Era para ser um fim de semana de festa, risadas e algodão-doce. Mas o tão aguardado Festival da Alegria, anunciado com pompa e circunstância pelo Governo do Distrito Federal, simplesmente não aconteceu. O palco seria a Praça do Arerê, na QE 40 do Guará — mas, na sexta-feira passada, o que se viu foi um cenário desolador: dezenas de crianças e seus familiares debaixo do sol, esperando por uma programação que nunca chegou. Nenhum som, nenhuma barraca, nenhum brinquedo inflável. Apenas o eco das promessas oficiais.

De acordo com o anúncio da Agência Brasília, o festival seria “uma celebração da cultura, da convivência e da valorização dos espaços públicos”, nas palavras entusiasmadas do secretário de Turismo, Cristiano Araújo. A fala, recheada de boas intenções, agora soa como ironia. Afinal, qual convivência foi promovida quando famílias inteiras ficaram à espera, sem aviso prévio, de um evento que evaporou do calendário?

O texto oficial ainda destacava o apoio da Administração Regional do Guará, comandada por Artur Nogueira, tio do próprio secretário Cristiano Araújo — uma coincidência familiar que torna o fiasco ainda mais embaraçoso. O administrador chegou a declarar que o evento seria “uma celebração da infância e da convivência, oferecendo experiências positivas e educativas em um ambiente seguro e divertido”. No entanto, o único aprendizado do dia foi o da paciência — e da frustração coletiva.

Moradores da QE 40 relatam que chegaram ao local com as crianças animadas, acreditando nas promessas de oficinas, pintura facial, recreação e distribuição de picolé, pipoca e algodão-doce. “Meu filho ficou perguntando o tempo todo onde estavam os personagens da Patrulha Canina. Tivemos que inventar uma história dizendo que eles foram salvar outra cidade”, contou uma moradora indignada.

Sem aviso, explicação ou pedido de desculpas, o evento foi simplesmente remarcado para os dias 24 a 26 de outubro, novamente na Praça do Arerê. A notícia foi divulgada pela mesma Agência Brasília, como se nada tivesse acontecido — sem sequer reconhecer o episódio do fim de semana anterior.

A população, no entanto, não esqueceu. O assunto dominou grupos de moradores e redes sociais, onde sobram críticas à desorganização e ao desprezo pelas famílias que compareceram. Afinal, se o evento foi cancelado, por que não houve aviso público? Por que ninguém apareceu para orientar as famílias que estavam ali, confiando na palavra do governo?

O Festival da Alegria, que deveria espalhar sorrisos, acabou se tornando o Festival da Ausência — de planejamento, de respeito e de responsabilidade. Agora, resta saber se o show vai realmente acontecer na nova data, ou se a Praça do Arerê será, mais uma vez, palco do espetáculo mais repetido da política local: o do improviso mascarado de gestão.

No Guará, parece que a “alegria” foi substituída pela ironia. E a infância, mais uma vez, ficou esperando — com o balão na mão e o olhar de quem ainda acredita que promessa oficial é coisa séria.

Postar um comentário

Os comentários não representam a opinião do "Folha do Guará". A responsabilidade é única e exclusiva dos autores das mensagens.

Não serão publicados comentários anônimos, favor identificar-se antes da mensagem com Nome+(cidade+UF).

Postagem Anterior Próxima Postagem