Folha do Guará

Feira do Guará enfrenta alagamentos e expõe abandono do GDF

Promessas de Ibaneis, Celina Leão, José Humberto Pires, Fernando Leite e Artur Nogueira seguem apenas no discurso

A Feira do Guará, um dos mais tradicionais polos de economia popular do Distrito Federal desde 1969, voltou a ser palco de caos durante as chuvas do último fim de semana. Lonas improvisadas estouraram com o volume de água, boxes foram completamente alagados e feirantes tiveram mercadorias destruídas — um cenário que se repete há anos e que revela o abandono do Governo do Distrito Federal diante de uma promessa de reforma que nunca saiu do papel.

Com 645 barracas e fluxo médio de 50 mil pessoas semanalmente, a Feira do Guará é um dos espaços mais movimentados e simbólicos da capital. No entanto, sua infraestrutura degrada a cada estação chuvosa, enquanto a gestão pública acumula apenas anúncios, discursos e fotografias oficiais.

Telhado deteriorado, lonas estouradas e prejuízos crescentes

Durante o temporal recente, a água rompeu lonas colocadas pelos próprios feirantes, inundando bancas, molhando manequins, roupas, ventiladores e equipamentos elétricos — alguns ainda ligados, ampliando o risco de acidentes graves.

“Molhou tudo. A lona estourou. Manequins, roupas, ventilador… tudo molhado”, relatou uma feirante. Situações como essa se repetem por toda a feira, onde baldes, plásticos e improvisações substituem a obra pública que deveria ter sido entregue há anos.

Promessas acumuladas: nomes e responsabilidades

A reforma do telhado — anunciada repetidas vezes — envolve diretamente algumas das principais autoridades do GDF:

Ibaneis Rocha (MDB) – Governador, que afirmou que a obra estava “em fase de projeto”, com licitação prevista para fevereiro de 2025. A previsão não se concretizou.

Celina Leão (PP) – Vice-governadora, que determinou pessoalmente no início do ano a reforma do telhado, a individualização dos medidores de energia e a instalação de uma subestação elétrica. Nada avançou.

José Humberto Pires – Secretário de Governo, presente na reunião no Palácio do Buriti que tratou da obra. À ocasião, reforçou que o telhado seria prioridade absoluta. A promessa não se confirmou, e nenhuma nova data foi apresentada pelo governo.

Fernando Leite – Presidente da Novacap, que garantiu a feirantes e ao administrador regional que a licitação sairia em março. Não houve edital, cronograma nem justificativa oficial.

Artur Nogueira – Administrador regional do Guará, que participou de reuniões e anúncios, mas não apresentou à comunidade nenhuma atualização concreta sobre a reforma.

Enquanto isso, 11 outras feiras do DF já tiveram reformas contratadas pela Novacap. A Feira do Guará segue fora da lista.

Frustração entre feirantes e pressão da comunidade

O abandono não passa despercebido. “Fazem promessas, vêm aqui, tiram foto e depois somem. A gente continua trabalhando debaixo d’água”, lamentou um permissionário antigo. A revolta cresce entre comerciantes cansados de prejuízos recorrentes e de arriscar a própria segurança para manter seu sustento.

Para os moradores do Guará, a feira é mais que um ponto comercial — é símbolo da cultura local, espaço de encontros, sabores, tradições e histórias. Ver um patrimônio dessa importância negligenciado é, para muitos, inaceitável.

O que falta para a obra começar?

A pergunta que ecoa entre feirantes e consumidores é simples: até quando a Feira do Guará ficará à mercê das chuvas e da apatia governamental? Com promessas acumuladas, anúncios inconclusos e autoridades que se revezam entre discursos e silêncio, o problema continua exatamente onde estava há anos: no telhado — ou na ausência dele.

Enquanto o GDF não entrega a reforma, feirantes seguem contando prejuízos e trabalhando sob risco. A Feira do Guará, patrimônio cultural e econômico do DF, espera uma ação que deveria ser básica: respeito e compromisso com a população.

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