4º BPM vira possibilidade para prisão de Bolsonaro e acende alerta sobre impacto em projetos sociais

O 4º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, localizado no Guará, voltou ao centro das atenções após ser cogitado como possível local para abrigar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de prisão no julgamento do plano de golpe. A informação foi divulgada pela CNN Brasil e confirmada por integrantes do alto escalão do Governo do Distrito Federal, embora a palavra final caiba ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. (STF)

A unidade militar já foi palco, em 2023, da detenção do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres, que permaneceu no batalhão por quase quatro meses enquanto era investigado no mesmo inquérito que agora culmina na condenação de Bolsonaro.

A possível nova custódia, no entanto, acendeu sinais de preocupação dentro da própria PMDF. Integrantes da corporação, em caráter reservado, avaliam que transformar o batalhão novamente em local de detenção de alta tensão política exigiria uma reestruturação imediata: reforço permanente de efetivo, ampliação dos esquemas de segurança e até a presença de equipe médica 24 horas, algo que normalmente já existe em complexos penitenciários, mas não em batalhões operacionais.

Outro ponto de apreensão é o risco de repetição de episódios como os acampamentos de 2022, formados por apoiadores do ex-presidente após as eleições. A chegada de Bolsonaro ao quartel poderia atrair novamente grupos mobilizados, elevando o clima de tensão na cidade e pressionando ainda mais os recursos humanos da PMDF.

Além dos desafios logísticos e de segurança, a possibilidade também traz impactos diretos à rotina da unidade. O 4º BPM abriga projetos comunitários e ações sociais importantes, como o “Prevenindo com Arte”, iniciativa que atende moradores do Guará com atividades educativas e culturais. Internamente, há receio de que a presença de um preso de alta repercussão desestruture agendas, disperse policiais de suas funções e prejudique o funcionamento dos programas mantidos pelo batalhão, que dependem de ambiente tranquilo para acontecer.

Apesar da mobilização nos bastidores, aliados de Bolsonaro defendem que ele não deveria ser levado para nenhuma instalação militar ou penitenciária. Senadores próximos ao ex-presidente visitaram a Papuda nesta semana e divulgaram um relatório alegando falta de condições adequadas para que Bolsonaro cumpra pena no complexo. O grupo pressiona publicamente para que ele tenha direito à prisão domiciliar.

Enquanto a definição oficial não é anunciada, o 4º Batalhão permanece no centro da discussão — dividido entre cumprir uma eventual determinação judicial e lidar com o impacto que ela traria ao seu cotidiano operacional e às atividades que presta à comunidade do Guará.

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