Proposta propõe estímulos à produção de energia solar fotovoltaica no Distrito Federal. Depois do WWF e UnB, ABSolar apresentar estudo sobre o assunto em reunião do GT Brasília Solar.
O Grupo de Trabalho Brasília Solar realiza nesta quarta-feira (25), às 14h, a segunda etapa da reunião para definir a proposta de gestão do incentivo à produção de energia solar no Distrito Federal. Depois da apresentação de estudo de viabilidade feito pelo WWF e UnB, será apresentado outro, de autoria da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar). O estudo inclui estimativa de custos, economia de recursos, previsão de investimentos e cálculos de incentivos para o novo modelo energético.
A energia solar é uma forma limpa de se produzir energia e uma alternativa para diminuir os impactos ambientais e, assim, baratear a conta de luz. Foi o que fez o biólogo Mário Barroso, que mora no Park Way, investir na energia renovável em dezembro do ano passado. Completando um ano da instalação, o morador avalia a iniciativa como positiva em termos econômicos e de preservação ambiental.
Mário instalou quatro painéis de captação da luz solar e aproveitou 2 m² do telhado da casa, que mede 300 m². Segundo ele, a operação do sistema corresponde a 60% do consumo do imóvel, o restante ele continua utilizando da CEB, mas o valor da fatura mensal caiu pela metade. O custo total do processo somou R$ 14 mil, à época.
A Ceb não tem pessoas capacitadas para atender. A minha casa foi a sexta a instalar o sistema. A companhia não tinha o relógio, a conta de luz ainda levou um tempo para vir com o desconto, por que a medição é diferente. E a vistoria técnica demorou para ser feita” Mário Barroso, biólogo que instalou o sistema em sua casa.
Em períodos chuvosos a captação da energia é reduzida em até um terço da produção. “Em janeiro a insolação é maior, então acaba compensando. As condições meteorológicas de Brasília nos favorecem muito porque os períodos com o céu coberto são curtos”, argumentou.
O biólogo afirmou ainda que decidiu investir no sistema por conta da inovação tecnológica e não necessariamente por uma questão de retorno financeiro. “Foi mais para demonstrar a viabilidade dessas tecnologias e porque me preocupo muito com essa questão de sustentabilidade da casa. Reduzimos também o consumo de água e passamos a captá-la”, ressaltou.
Burocracia - Barroso acrescentou que o tempo de retorno do investimento é longo. No caso dele, vai levar em média seis anos para recuperar o valor investido. Três meses antes do sistema começar a funcionar, o morador contratou uma empresa para realizar os trâmites legais, como projeto, ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) no Crea-DF (Conselho Regional de Engenharia do DF) e o acompanhamento junto a CEB, que ele considera complexo.
“É difícil pelas regras impostas e por ser um processo novo. A Ceb não tem pessoas capacitadas para atender. A minha casa foi a sexta a instalar o sistema. A companhia não tinha o relógio, a conta de luz ainda levou um tempo para vir com o desconto, por que a medição é diferente. E a vistoria técnica demorou para ser feita”, destacou.
Para tentar minimizar o trâmite de quem decidir investir no setor, o Grupo de Trabalho Brasília Solar, criado em maio deste ano para incentivar a produção de energia solar e estudar a viabilização do sistema no Distrito Federal, realizou a 4ª reunião, nessa quinta-feira (19), na sede da Fibra (Federação das Indústrias do Distrito Federal) em Brasília.
A equipe que integra várias secretarias do governo, UnB (Universidade de Brasília) e a Organização Não Governamental WWF (O World Wide Found for Nature), discutiu amplamente os diversos temas que envolve a captação de energia solar no DF.
O objetivo do encontro foi reunir informações suficientes para serem apresentadas para o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg. A previsão é que o governador receba o grupo, na próxima quarta-feira (25), no Buriti. Além dos estudos, uma minuta para a criação de um decreto será levada ao governador.
O estudo foi realizado por estudantes voluntários da UnB por meio da medição nos telhados de residências e comércios nas Asas Sul e Norte e nos Lagos Sul e Norte e em oito escolas públicas do DF. Algumas casas da Candangolândia, Cruzeiro, Paranoá e São Sebastião também passaram pela medição da equipe. O grupo pretende incentivar a produção de energia solar no DF.
Aprendizado - O professor de engenharia elétrica da UnB, Rafael Shayani, destacou o interesse cada vez maior deles em aprender sobre energia renovável.
“Brasília tem um potencial solar altíssimo e é capaz de gerar 100% da sua energia. Nas regiões com um poder aquisitivo maior, eles podem gerar a própria energia e distribuir para os vizinhos.Com isso, contribuímos para reduzir a crise energética e com o meio ambiente por meio da diminuição da poluição através das termoelétricas. É um investimento de longo prazo”, disse o professor.
Para a analista de conservação do Programa Mudanças Climáticas e Energia da WWF, Alessandra Mathyas, a energia renovável é um caminho sem volta. “Esse sistema é novo no Brasil. É compreensível o receio, considerando a crise econômica, mas energia nunca é supérfluo”, ressaltou.
A gerente da WWF ressaltou também a importância dos diversos tipos de energias renováveis e a redução do custo da instalação. “A gente não vai garantir a demanda do país nos próximos 20 anos. Produzir energia já foi muito caro. Hoje são R$ 7 por KWH. O que há dez anos custava R$ 1 mil, o MWH. O mais importante é que a energia pode ser produzida sem linha de transmissão. Além disso, só se produz quando precisa. Nem precisa de bateria”, explicou.
Críticas - O empresário Villi Seilert, sócio da empresa I9, criada há um ano, seguiu a mesma linha do biólogo quanto às dificuldades encontradas pelo caminho. Ele reclamou da burocracia para esse entrave ser resolvido antes de qualquer outra discussão. “Não precisamos estimular e conscientizar as pessoas a consumirem a energia solar, mas apoiar as empresas de compra e instalação de painéis. É um longo caminho até conseguir um CNPJ, que leva até 120 dias para ficar pronto. Daqui a pouco o sistema google é que vai fazer isso“, argumentou o empresário.
A empresa de Villi desenvolve pacotes tecnológicos de fabricação de painel solar de 25W com modelagem simplificada. A empresa tem quatro funcionários. “Em três dias eu treino uma pessoa. Cada um monta 10 painéis por dia. Integrar as regras tributárias e à rede de processamento de análise da CEB e a certificação do Inmetro é uma via crucis”, reclamou ele.
Segundo Villi a sua empresa é a única no DF que fabrica os painéis solares. Para que eles sejam montados é necessária a importação da célula solar, as rezinas óticas e os filetes. Somente materiais como vidro, silicone e outro itens mais simples podem ser comprados no Brasil.
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O Grupo de Trabalho Brasília Solar realiza nesta quarta-feira (25), às 14h, a segunda etapa da reunião para definir a proposta de gestão do incentivo à produção de energia solar no Distrito Federal. Depois da apresentação de estudo de viabilidade feito pelo WWF e UnB, será apresentado outro, de autoria da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar). O estudo inclui estimativa de custos, economia de recursos, previsão de investimentos e cálculos de incentivos para o novo modelo energético.
A energia solar é uma forma limpa de se produzir energia e uma alternativa para diminuir os impactos ambientais e, assim, baratear a conta de luz. Foi o que fez o biólogo Mário Barroso, que mora no Park Way, investir na energia renovável em dezembro do ano passado. Completando um ano da instalação, o morador avalia a iniciativa como positiva em termos econômicos e de preservação ambiental.
Mário instalou quatro painéis de captação da luz solar e aproveitou 2 m² do telhado da casa, que mede 300 m². Segundo ele, a operação do sistema corresponde a 60% do consumo do imóvel, o restante ele continua utilizando da CEB, mas o valor da fatura mensal caiu pela metade. O custo total do processo somou R$ 14 mil, à época.
A Ceb não tem pessoas capacitadas para atender. A minha casa foi a sexta a instalar o sistema. A companhia não tinha o relógio, a conta de luz ainda levou um tempo para vir com o desconto, por que a medição é diferente. E a vistoria técnica demorou para ser feita” Mário Barroso, biólogo que instalou o sistema em sua casa.
Em períodos chuvosos a captação da energia é reduzida em até um terço da produção. “Em janeiro a insolação é maior, então acaba compensando. As condições meteorológicas de Brasília nos favorecem muito porque os períodos com o céu coberto são curtos”, argumentou.
O biólogo afirmou ainda que decidiu investir no sistema por conta da inovação tecnológica e não necessariamente por uma questão de retorno financeiro. “Foi mais para demonstrar a viabilidade dessas tecnologias e porque me preocupo muito com essa questão de sustentabilidade da casa. Reduzimos também o consumo de água e passamos a captá-la”, ressaltou.
Burocracia - Barroso acrescentou que o tempo de retorno do investimento é longo. No caso dele, vai levar em média seis anos para recuperar o valor investido. Três meses antes do sistema começar a funcionar, o morador contratou uma empresa para realizar os trâmites legais, como projeto, ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) no Crea-DF (Conselho Regional de Engenharia do DF) e o acompanhamento junto a CEB, que ele considera complexo.
“É difícil pelas regras impostas e por ser um processo novo. A Ceb não tem pessoas capacitadas para atender. A minha casa foi a sexta a instalar o sistema. A companhia não tinha o relógio, a conta de luz ainda levou um tempo para vir com o desconto, por que a medição é diferente. E a vistoria técnica demorou para ser feita”, destacou.
Para tentar minimizar o trâmite de quem decidir investir no setor, o Grupo de Trabalho Brasília Solar, criado em maio deste ano para incentivar a produção de energia solar e estudar a viabilização do sistema no Distrito Federal, realizou a 4ª reunião, nessa quinta-feira (19), na sede da Fibra (Federação das Indústrias do Distrito Federal) em Brasília.
A equipe que integra várias secretarias do governo, UnB (Universidade de Brasília) e a Organização Não Governamental WWF (O World Wide Found for Nature), discutiu amplamente os diversos temas que envolve a captação de energia solar no DF.
O objetivo do encontro foi reunir informações suficientes para serem apresentadas para o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg. A previsão é que o governador receba o grupo, na próxima quarta-feira (25), no Buriti. Além dos estudos, uma minuta para a criação de um decreto será levada ao governador.
O estudo foi realizado por estudantes voluntários da UnB por meio da medição nos telhados de residências e comércios nas Asas Sul e Norte e nos Lagos Sul e Norte e em oito escolas públicas do DF. Algumas casas da Candangolândia, Cruzeiro, Paranoá e São Sebastião também passaram pela medição da equipe. O grupo pretende incentivar a produção de energia solar no DF.
Aprendizado - O professor de engenharia elétrica da UnB, Rafael Shayani, destacou o interesse cada vez maior deles em aprender sobre energia renovável.
“Brasília tem um potencial solar altíssimo e é capaz de gerar 100% da sua energia. Nas regiões com um poder aquisitivo maior, eles podem gerar a própria energia e distribuir para os vizinhos.Com isso, contribuímos para reduzir a crise energética e com o meio ambiente por meio da diminuição da poluição através das termoelétricas. É um investimento de longo prazo”, disse o professor.
Para a analista de conservação do Programa Mudanças Climáticas e Energia da WWF, Alessandra Mathyas, a energia renovável é um caminho sem volta. “Esse sistema é novo no Brasil. É compreensível o receio, considerando a crise econômica, mas energia nunca é supérfluo”, ressaltou.
A gerente da WWF ressaltou também a importância dos diversos tipos de energias renováveis e a redução do custo da instalação. “A gente não vai garantir a demanda do país nos próximos 20 anos. Produzir energia já foi muito caro. Hoje são R$ 7 por KWH. O que há dez anos custava R$ 1 mil, o MWH. O mais importante é que a energia pode ser produzida sem linha de transmissão. Além disso, só se produz quando precisa. Nem precisa de bateria”, explicou.
Críticas - O empresário Villi Seilert, sócio da empresa I9, criada há um ano, seguiu a mesma linha do biólogo quanto às dificuldades encontradas pelo caminho. Ele reclamou da burocracia para esse entrave ser resolvido antes de qualquer outra discussão. “Não precisamos estimular e conscientizar as pessoas a consumirem a energia solar, mas apoiar as empresas de compra e instalação de painéis. É um longo caminho até conseguir um CNPJ, que leva até 120 dias para ficar pronto. Daqui a pouco o sistema google é que vai fazer isso“, argumentou o empresário.
A empresa de Villi desenvolve pacotes tecnológicos de fabricação de painel solar de 25W com modelagem simplificada. A empresa tem quatro funcionários. “Em três dias eu treino uma pessoa. Cada um monta 10 painéis por dia. Integrar as regras tributárias e à rede de processamento de análise da CEB e a certificação do Inmetro é uma via crucis”, reclamou ele.
Segundo Villi a sua empresa é a única no DF que fabrica os painéis solares. Para que eles sejam montados é necessária a importação da célula solar, as rezinas óticas e os filetes. Somente materiais como vidro, silicone e outro itens mais simples podem ser comprados no Brasil.
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